Sou fã de antiguidades desde meus 10-11 anos de idade. Sempre gostei de móveis, carros, bicicletas, som, decoração, tudo que fosse antigo. Com 12 anos já ia a eventos de carros antigos. Com 17 tinha moto antiga e com 22 carro e moto antigos. Hoje com 36 minha profissão se baseia totalmente em antiguidades: restauração. Conheço, tenho cliente e amigos que também gostam, sei do lado bom e também do lado ruim desse ramo. Já ganhei dinheiro comprando e vendendo e também já perdi dinheiro. Enfim, não vou afirmar que “respiro” antiguidades, mas digo que tenho contato diário com o ramo.
Não sei se por conta da idade, de mais sensatez ou bom
senso, ou de mais fator irritabilidade em meu comportamento, ou ainda por conta
da conjuntura econômica brasileira... ou a soma de tudo isso... mas cheguei à
uma conclusão à que deveria ter chego há tempos atrás: realmente possuir alguma
antiguidade não compensa! Não estou generalizando! Mas de fato possuir alguns
itens não é nada bom para sua vida, seja relacional, psicológica ou o
principal: financeira.
Não estou falando daquele item imaculado, original ou
restaurado, onde você senta e aprecia, usa e não tem decepções, dores de cabeça
ou coisa do tipo. Se tens bicicleta original ou restaurada já prontinha,
completa, é só usar! Seus gastos praticamente acabaram com ela, é só curtir. Ou
ainda aquele carro antigo restaurado, onde só tem o gasto com manutenção normal
e preventiva e documentos. É só curtir e massagear o ego ao dar uma volta e
receber elogios. Ou ainda aquele móvel ou pintura ou decoração: estão lá na
parede, é só olhar e curtir.
Estou falando dos “enrosco”, dos “problemas”, das “lata
velhas”. De todos carros antigos que tive, apenas um VW estava original e
impecável. Era só fazer manutenção preventiva e usar. Era um carro novo, uma
beleza. O resto... Das motos a mesma coisa: apenas uma original e impecável só me trouxe alegrias e lucro ao vender. As
demais... Se eu tivesse esse senso crítico ao invés de uma cabeça sonhadora ou
olhos apaixonados para umas porcarias... eu teria tido uma enorme economia de
tempo, dinheiro, dores de cabeça e incomodação. É por isso que escrevo esse
texto. E explico!
Vou dar um exemplo: tive um chevette 1979. Bonito e com cara
de original, mas faltavam inúmeros detalhes estéticos. Coisa pequena e que
passa despercebido numa compra, mas aos olhos apaixonados do dono... “eu vou
comprar essa pecinha”. Nessa brincadeira, eu só comecei e... R$ 300,00 de
gastos com peças paralelas. Leia-se: peças que não encaixam direito, acabamento
as vezes sofrível, desgaste rápido. Andava mas precisa de revisão: R$ 400,00.
Pneus diferentes entre si, uma ferrugem aqui e ali, riscos, amassados, carpete
fedendo, lâmpadas que queimam, escapamento que estoura, bateria termina de
repente... A lista tornou-se enorme e o carro continuava igual: eu não fiz
motor, pintura completa, ou interior novo!! Na verdade ao colocar itens que
faltavam mas eram paralelos ruins, eu tinha a impressão que o carro piorava ao
invés de melhorar, e o dinheiro e tempo e minha paciência estavam sendo
drenados...
Decidi vender: perdia mais de mil reais entre a compra e
investimentos estéticos. Não computei documentos, revisões mecânicas. Recebi
uma oferta, topei! Dinheiro na mão: não tenho mais o carro, não entrou nada na
troca, não terei que emplacar, revisar e sei lá mais o quê em outro carro ou
moto antigos.
Se você for parar e colocar na ponta do lápis verá que sim:
carro, moto e até mesmo algumas outras antiguidades (bicicletas, som, armas,
instrumentos musicais) são uma fonte de gastos sem fim, dores de cabeça,
ansiedade, alegrias e também desilusões. Antes de entrar ou reentrar nesse
ramo, pense duas vezes, analise 10 vezes se vale a pena, se estas disposto a encarar
essa jornada que muitas vezes acabarão em gastos, frustação, desilusão e a
conclusão de que é legal e bonito... na mão dos outros!
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